Especial Economia

Mani in pasta

"L'Italia è una delle priorità della politica commerciale brasiliana"

Marketing senza fiato

Cancella la pizza e porta un "frango xadrez"!!!

Vedovato lascia Fiat con saldo positivo

Un ristorante eloquente

Dieta che apre porte commerciale

Da goirnalista a proprietario di ristorante: le prodezze dei Morici tra Sicilia e San Paolo

Grupo Comolatti: successo ereditario

Dalla Serra Gaúcha alla civiltà brasiliana


Supplemento di Economia
Marketing sem fôlego

Há quem afirme que o cooperativismo nasceu na Itália. Não há provas concretas, mas há outra, esta irrefutável, de que é na Bota, logo após a Segunda Grande Guerra, que o modelo foi mais bem explorado e serviu de exemplo para outros mercados. Da plena consciência da limitação individual, nasceu o espírito agregador do pequeno empresário italiano, como explica Enzo Maranesi, da Câmara de Comércio Ítalo-brasileira de São Paulo, que desencadeou o surgimento de cooperativas, consórcios de exportação e distritos industriais por toda a Itália. E foi na agroindústria onde o modelo apresenta resultados extraordinários, como na região da Emiglia Romagna, onde estas cooperativas transformaram-se em grandes centros de produção e de distribuição. Para chegar ao mercado externo, os produtos das cooperativas utilizam-se das Câmaras italianas de Comércio no exterior e do ICE. Apesar do sucesso interno, estes produtores apresentam, contudo, extremas dificuldades para estender suas marcas ao mercado internacional.
Cenário bastante comum entre os produtores italianos de vinho, dos quais apenas cinco conseguem marketing externo.
- A maioria das empresas italianas são pequenas, sozinhas não têm poder de fogo para fazer ações promocionais. A limitação da oferta italiana é justamente essa. Falo no caso do vinho, mas serve também para outros produtos, mas é uma oferta caracterizada pelo tamanho pequeno do produtor, portanto com pouca capacidade promocional e publicitária. Isso explica porque a presença italiana, como por exemplo, no mercado dos queijos, é relativamente restrita. Falta tamanho para fazer as ações promocionais. Agora, essas ações poderiam ser feitas pelas instituições públicas - sugere Maranesi. Para ele, deveria haver uma ação governamental para reverter esse quadro. Cada produtor deveria ter um órgão o apoiando.
O azeite - segundo Maranesi, “um dos melhores do mundo” – também sofre as conseqüências da falta de marketing. O óleo italiano hoje não tem mais de 4% do mercado brasileiro, enquanto a Espanha tem, aproximadamente, 50% e Portugal, 35%.
- Estive recentemente na Puglia, uma das regiões que mais produz azeite. Lá, mais do que cooperativas, há associações que defendem os direitos dos produtores. Mas também a elas falta a capacidade de fazer ações promocionais. O governo espanhol mantém há anos escritórios no Brasil, responsáveis pela publicidade do produto espanhol. A Itália não fez isso – assevera Maranesi.

Dividir com os outros

Fazer cooperativas é um fenômeno tipicamente cultural. Do ponto de vista racional é sempre boa a idéia de associar-se a alguém, mas querer ser dono de tudo e não dividir nada com ninguém são barreiras, diria, emocionais e culturais difíceis de serem superadas. Derrubá-las é extremamente importante.
O cooperativismo superou o descaso do governo italiano no período pós-guerra e fortaleceu-se tanto que alguns grupos enveredaram na distribuição do produto acabado. A política, contudo, foi marcante nos primórdios e, de certa forma, perdura mais timidamente até hoje.
- Existem cooperativas de conotação de esquerda, as ‘vermelhas’. Há também outras que não são dessa matriz. De uma certa maneira, no final, o cooperativismo era ligado a ideologias – recorda Maranesi, citando como exemplo de “vermelhas”, as cooperativas da Emiglia Romagna. Na região, há, entretanto, espaço para modelos híbridos, como a Compagnia delle opere, uma forma de cooperação ligada a um movimento de matriz católica conhecido por Comugnone e liberazione. Política e fé, juntas.
Segundo Maranesi, a Campagnia delle opere agrega mais de 15 mil empresas, que a constitui como uma inquestionável potência econômica na Itália. Não é para menos. Quando se juntam para ir às compras é uma verdadeira festa. A cooperativa, por exemplo, quando se apresenta à Fiat, não compra um ou dois carros, mas uma centena deles.
- É uma agremiação para ajudar as empresas cooperadas, mas não existem entidades com um produto próprio, com uma marca própria. Então não tem competição. Da mesma forma não existe cooperação entre uma cooperativa e outra – ressalta Maranesi.
O Brasil, pelo seu potencial no campo, pode se tornar terreno fértil também para o cooperativismo.
- A grande possibilidade de cooperação está justamente com os pequenos agricultores, que têm pedaços de terra tão pequenos que só servem para a subsistência. Mas, juntando cem deles, se especializam nas produções e, evidentemente, os rendimentos passam a ser muito maiores. Agora, o problema é de ordem cultural. Cada um deles precisa superar a fase de dizer ‘não, eu cuido de mim mesmo e não abro mão de minha soberania’. Uma vez que decidam se juntar, as vantagens são evidentes – assinala Maranesi.