Priorizar o mercado chinês
na lista de acordos comerciais em 2005 tem custado ao Planalto algumas
críticas de parceiros considerados historicamente intocáveis.
A Itália é um deles. Nos últimos cinco anos, a
balança comercial entre os dois países enfatiza essa mudança
de rumos na política comercial brasileira. Hoje não há
mais garantias de que as afinidades culturais determinem a manutenção
de antigos laços comerciais. Nem mesmo o do Brasil, que tem 25
milhões de oriundi, com a Itália. Para ilustrar, é
a troca da pizza pelo frango xadrez, tradicional prato da culinária
chinesa.
- Hoje não existe muito
diálogo, politicamente falando, entre Itália e Brasil
porque o Brasil está muito voltado para os mercados chinês,
indiano e africano. Procurar parceiros na China, onde vendem mais do
que compram do Brasil, é trabalhar muito. Acho que o Brasil tem
condições de produzir bem mais rapidamente e vender para
mercados mais fáceis e com menos custos – assinala o presidente
da Câmara de Comércio Ítalo-brasileira no Rio, Raffaele
Di Luca, referindo-se ao déficit do Brasil na balança
comercial com a China.
Segundo o executivo, apesar da
mudança de foco comercial, o produto brasileiro é mais
atraente para europeus e americanos e menos hoje para chineses e japoneses.
Exemplo disso é a tecnologia bancária aplicada no país.
- Os bancos brasileiros são
fantásticos. Faço operações para pagamento
de salários de funcionários via internet com a maior segurança
do mundo há uns três anos. A Europa não faz isso.
O europeu levanta de sua cadeirinha e fica frente a frente com o caixa
– destaca Di Luca.
Para o presidente da Câmara
de Comércio Ítalo-brasileira em São Paulo, Edoardo
Polastri, não há como desprezar o mercado chinês.
Tanto que a Itália - enfatiza ele - também colocou a China
como uma das prioridades em acordos bilaterais em 2005. Afinal, ressalta
Polastri, a economia mandarim é a que mais cresce - cerca de
9% ao ano - em todo o mundo, influenciando os preços das commodities
no mercado internacional.
- Todo mundo hoje faz joint venture
com chineses. A prioridade da Itália, nesse momento, é
a China. Em seguida, podemos colocar Índia, Brasil e Leste Europeu
– lista Polastri, que define como “inteligente” e
“flexível” a abertura comercial do Governo federal
para o mercado asiático por permitir que investimentos desses
países cheguem mais freqüentemente ao Brasil.