Edição do mês de novembro de 1999

Ser paulista é estar com o pé na Itália

Por Luciana Santos

Em qualquer roda de bate-papo sobre teatro, cinema ou televisão, quando o tema é interpretação de personagens italianos, o primeiro nome que vem à tona é o de Raul Cortez. Não é para menos. O ator, que vem conquistando o público com o divertido personagem Francesco de Terra nostra, confessa, em entrevista exclusiva ao Comunità, toda a sua paixão pelas coisas da Itália.

Mais adiante, Cortez fala da brilhante carreira, que, segundo ele, foi moldada basicamente no teatro, onde nomes como os de José Celso Martinez Corrêa, Flávio Rangel, Cacilda Becker, Sérgio Cardoso e Jardel Filho foram referências inigualáveis. Aliás, o ator, que raríssimas vezes pisa em palcos cariocas, promete retornar ao Rio com a peça "Um Certo Olhar - Pessoa e Lorca", do oriundi José Possi Neto, provavelmente no início do próximo ano.

Para muitos, Berdinazzi e Francesco são os únicos personagens italianos que fazem parte da vasta galeria de tipos de Cortez. Ledo engano. Durante a entrevista, o ator recordou de uma peça, ainda no início da carreira, em que interpretou um contestador engenheiro italiano demitido da fábrica em que trabalhava. "Fui ovacionado (...) acho que dou sorte com os italianos", diz o ator, que, além de ter vários amigos italianos, em São Paulo, volta e meia visita a península. "Ser paulista é estar um pouco com o pé na Itália".

Comunità Italiana - Seu sobrenome é genuinamente espanhol, mas sua performance em duas novelas da TV Globo em que trabalhou convence-nos de que se trata de um verdadeiro portador de alma italiana. Quando surgiu essa afinidade com a cultura italiana?

Raul Cortez - Tenho vários amigos italianos em São Paulo. Ser paulista é estar um pouco com o pé na Itália. Já tem toda uma tradição de colonização italiana lá dentro. Quando comecei a fazer teatro, eu morava no Bexiga, que é o Bela Vista. Toda aquela zona ali, totalmente povoada por italianos, as cantinas, os moradores... também vou muito à Itália. É o país que mais gosto de visitar, juntamente com Espanha e Portugal. Embora eu não tenha descendência italiana, sinto uma proximidade muito grande, o temperamento italiano, a maneira deles serem, a maneira como brincam, o humor, essa coisa passional que têm, gosto muito, me identifico bastante. Essa admiração vinha já há muito tempo.

Comunità - Já interpretou outros personagens italianos, além do velho Berdinazzi, em "O Rei do Gado" e o atual Francesco?

Raul - Fiz no teatro, muito tempo atrás, quando estava começando a carreira. Era uma história sobre o Matarazzo, que foi escrita por um ator chamado Abílio Pereira de Almeida. Chamava-se "O Bezerro de Ouro". Eu fazia um engenheiro italiano que era despedido pelo Matarazzo. E até hoje ainda lembro as primeiras falas. Aliás, foi um dos primeiros aplausos em cena aberta que tive, numa cena em que eu entrava reclamando porque havia sido despedido e era ovacionado. Isso era muito engraçado. Acho que sempre tive sorte com os italianos.

Comunità - Depois dessa peça você imaginou que iria interpretar outros personagens italianos?

Raul - De maneira nenhuma. Quando o Benedito Ruy Barbosa me convidou, eu podia escolher, inclusive, qual o personagem que gostaria de fazer. Na hora falei: "o italiano". Ele disse: "mas não vai ficar meio próximo do Berdinazzi?". Respondi: "não sei". O fato de ser um desafio já é interessante, além do que, não é por isso que tem que ser igual, pois se fosse assim você não faria nunca personagens brasileiros, porque falam a mesma língua.

Comunità – "Terra nostra" é uma novela que atrai várias gerações. Você acha que esta talvez seja a produção televisiva que melhor resgatou fatos históricos do país nos últimos anos?

Raul - Não quero ser injusto, mas não lembro de nenhuma que tenha feito ou tenha essa intenção de retratar os fatos históricos do país. Agora, também acho que o Benedito Ruy Barbosa é perfeito nisso. As novelas dele têm uma identificação nacional maravilhosa. Ele sempre fala dos problemas sociais e políticos do país nas novelas dele. Agora está trazendo toda uma memória do país. Evidentemente que em uma telenovela você não pode se alongar em cada coisa que aconteceu, mas são sempre dadas referências históricas em tudo. Nós já fizemos cenas sobre a febre amarela, a chegada dos imigrantes, do problema que existia entre eles e os fazendeiros. Fizemos também uma luta que existiu em São Paulo entre italianos e paulistas. Briga na rua mesmo; bandeiras levantadas: "Morra Itália!", "Morra Brasil!". Foi uma coisa muito séria.

Comunità - O que mais tem chamado sua atenção na primeira fase da novela?

Raul - Acho que é a própria produção: a maneira que está sendo feita. Refiro-me ao texto, porque sou apaixonado pelo Benedito Ruy Barbosa. Existe um cuidado muito grande com cenários, figurino, a própria maneira de se colocar os personagens em cena. Isso está me impressionando muito.

Comunità - Você vai participar também da segunda fase da novela?

Raul - Não sei ainda. Estou meio em dúvida porque o Benedito disse que eu morreria em 1945. Me pergunto a que idade ele vai chegar. Daqui a pouco o público vai dizer: "oh! Esse italiano não morre nunca!".

Comunità - Você ainda freqüenta as casas de seus amigos italianos em São Paulo, festas típicas?

Raul - Bastante. Tenho grandes amigos italianos lá. A gente está sempre jantando, indo a teatros, festas...

Comunità - O público tem achado que o seu italiano está ainda melhor. Você fez algum curso de aperfeiçoamento do idioma, para interpretar Francesco?

Raul - Eu fiz. (risos...). Tenho uma professora chamada Michelina Bontempo. A conheci em um centro de idiomas, em São Paulo. Lá, quando comecei a fazer o Rei do Gado, fiquei interessado. Precisava de um professor que me ensinasse o sotaque. E como ela é filha de italiano, logo perguntei: "você pode me ensinar como o seu pai fala?". Sempre dou os capítulos para ela e estudamos juntos o sotaque. O pouco de italiano que sei aprendi através do sotaque, ou seja, o inverso. (risos...).

Comunità - Quantas vezes você foi à Itália?

Raul - Fiquei morando em Roma durante um mês e meio, dois meses... Fiquei com uns amigos que moravam lá. Fora isso, fui umas 4, 5, 6 vezes, não me lembro bem. Sempre que posso, vou para lá. Mas ainda não conheci a Itália como queria conhecer. Conheci alguns lugares, mas se você vai a Bari, como fui, uma região que aparentemente não tem nada, não podemos explicar aquela magia como a que senti, e tudo isso é absolutamente incrível. Tem uns povoados incríveis, pessoas interessantíssimas. E Veneza?! Já fui muitas vezes também... mas a Itália inteira não conheci do jeito que queria.

Comunità - O que mais te agrada na cultura italiana?

Raul - Gosto do povo italiano, que acho absolutamente extraordinário. As pessoas são belíssimas. Não só beleza física, mas também beleza de vida. Eles têm uma energia absolutamente incrível. Gosto muito da comida. É a comida que mais como.

Comunità - Qual o seu prato preferido?

Raul - São massas, sempre. Adoro. Buscheta também acho fantástica.

Comunità - E vinhos?

Raul - Vinho, é uma coisa engraçada, só bebo lá (em São Paulo). Não consigo beber aqui (no Rio). Não me cai muito bem. Lá bebo muito vinho, aqui não.

Comunità - Recentemente o curta-metragem "Imminentemente Luna", que faz um retrato da velhice, teve você como um dos protagonistas. A história é forte. O que representou esta interpretação para você?

Raul - Parece, inclusive, que o nome vai mudar para "Lua Cheia no Quarto Crescente", que até achei mais poético. É a história de dois velhos que se reúnem num asilo. Um deles está esperando a morte. Não sai da cama. O outro ainda acredita em alguma coisa; crê que se pode ter esperança. Esse é o conflito entre esses dois tipos de velhice que acontece nesse quarto de asilo. Não vou te contar mais porque é surpresa.

Comunità - Soube que ficou muito emocionado nas gravações...

Raul - Como é que sabe disso?! (risos). Isso é informação, não é?

Comunità – Soube inclusive que você chorou...

Raul - Ah... se eu contar a história para você vou ficar emocionado; vou chorar também.

Comunità - Teve algum fato na sua vida que te lembrou disso?

Raul - Não. Acho que foi a própria humanidade do texto, a situação. Um ator está sempre se debruçando, como acho que deve ser o ator, sobre o problema dos outros; vivendo a tragédia; praticamente querendo recontar o que leu, o que viu. Tem várias coisas que surpreendem, como esse homem que recentemente cortou a mão para pagar dívida. Ele nem era um bandido, um malandro, era um sujeito que só queria pagar as dívidas, isso é uma tragédia. São tantas coisas... se você fôr se aprofundar nisso... acho que isso é que faz a vivência de um ator também. Você se emociona, porque vê, pressente a emoção que as pessoas sentiram para fazer esse tipo de coisa.

Comunità - Da vasta lista cinematográfica em seu currículo, quais as produções mais decisivas na sua carreira?

Raul - A última, Labor Arcai, que fiz com Luís Fernando Carvalho, o mesmo que dirigiu O Rei do Gado. Essa foi uma experiência muito marcante. Marcou minha vida como ator e como pessoa também. Foi extraordinário. Ficamos seis meses rodando o filme numa fazenda em Minas Gerais, divisa com Rio de Janeiro, sem nenhuma comunicação, sem nenhum contato com outros lugares. Não tinha televisão; não tinha rádio; não tinha nada. Nós vivíamos a vida de lavradores mesmo. Arávamos a terra, tocava junto de boi, enfim, isso tudo que se faz. Ao mesmo tempo tivemos aulas de dança árabe, da língua árabe, tivemos aula sobre mitologia, palestras sobre o assunto que a gente estava tratando. Foi uma experiência absolutamente incrível que me marcou muito, apesar de o filme não ter sido exibido. O filme vai ser exibido, primeiramente, nos festivais de Veneza, e espero estar lá (risos...).

Comunità - Benigni merecia ter ganho o Oscar?

Raul - Aí é um assunto muito delicado (risos...). E muito polêmico também. É a minha maneira de ver, pois Poliana a gente vê que não tem 16 anos. Esse tema de holocausto não tem nada a ver com os judeus, mas acho muito terrível brincar assim, dessa forma. Acho que o filme tem várias coisas que já vi em outros filmes italianos absolutamente maravilhosos. Mas não estou querendo desmerecer. Estou simplesmente achando que prefiro o nosso (Central do Brasil), não por eu ser brasileiro, mas acho que tem uma realidade que pode ser transformada. Aquela (da qual fala a Vida é Bela) não há mais nada a fazer, já está no passado. Acho que é por isso que o filme Central do Brasil, do Walter Salles, incomodou tanto. Esse inconformismo que tem no filme do Benigni me irrita um pouco, me incomoda.

Comunità - Como está sua peça "Um Certo Olhar - Pessoa e Lorca", de José Possi Neto, em cartaz em São Paulo? E quando virá para o Rio?

Raul - Estou querendo trazê-la para cá em janeiro ou fevereiro. A temporada vai até 28 de novembro, depois vou para o festival do Porto, em Portugal, depois, retornamos com a peça aqui, no Rio.

Comunità - Federico Garcia Lorca e Fernando Pessoa representam dois estilos da poesia bastante diferentes. Onde está o principal desafio para você?

Raul - O principal desafio foi ter unido esses dois num mesmo espetáculo e ter mostrado que embora diferentes, são de uma identidade incrível. São pessoas que na verdade se preocupam com o homem, e com esse mistério incrível: de onde nós viemos, para onde nós vamos... se o Lorca, por um lado, parece infantil, juvenil, ingênuo, inocente, e o Fernando Pessoa todo recatado. Então você percebe que o despudor não está no Garcia Lorca, que teve uma vida pessoal quase pública e obras passionais. O despudor está em Fernando Pessoa, isso é inacreditável. Tem um poema dele que foi difícil ensaiar. Ficava com muita vergonha (risos...).

Comunità - Há quanto tempo você estava afastado do teatro?

Raul - Nunca fiquei afastado do teatro. Sempre trabalhei minha vida inteira em São Paulo. Pouquíssimas vezes vim ao Rio. Para um grupo paulista vir para cá é muito difícil, porque não encontra o espaço adequado; tem dificuldades de hospedagem, de alimentação. Não tem as facilidades que o elenco carioca tem quando vai a São Paulo. As peças em São Paulo sempre ficam pelo menos um ano em cartaz, pois as pessoas vão mais ao teatro lá.

Comunità - Você se imaginaria não sendo ator?

Raul - Às vezes me pergunto: "quando a vocação apareceu em mim?". Quando criança. E a possibilidade de ser ator? Digo: "senão eu vou ser jornalista, escritor". Sinto um prazer tão grande de atuar e fico com tanta admiração quando me pagam para fazer o que mais gosto. É uma integração muito grande. (risos...) Minha justificativa de vida é ser ator. Quando uma pessoa encontra a sua função, é uma pessoa muito feliz pessoalmente e profissionalmente.

Comunità - Qual ator serviu de espelho para sua formação?

Raul - Tiveram vários, porque quando comecei a fazer teatro - antes fiz figuração - fazia coadjuvância e fui subindo, assim, aos poucos e comecei a aprender o que deveria ser aprendido e o que não deveria ser aprendido (risos...). Tive uma escola ótima. Comecei a fazer figuração no Teatro Brasileiro de Comédia (antigo TBC), junto dos grandes atores e diretores da época. Assistia a todos os ensaios, pois, como figuração, devia estar presente o tempo inteiro. Mas tiveram figuras que marcaram muito minha vida: Antunes Filho, como diretor, José Celso Martinez Corrêa, Flávio Rangel, como atriz a Cacilda Becker, como ator o Sérgio Cardoso e muitos outros atores que lembro com saudades, como o Jardel Filho, por exemplo. Eram atores que tinham, geralmente, uma certa loucura na maneira de ser, de trabalhar. Isso sempre me atraiu muito.

Comunità - Depois de "Terra nostra", qual o próximo passo?

Raul - O teatro, com o Rei Lear, de Shakespeare, com a direção do João Daniel, que é um diretor da Royal Shakespeare Company. Vamos começar a trabalhar agora em janeiro. Deve estrear em maio de 2000. Televisão, ainda não sei, mas espero que seja uma coisa tão boa quanto a de Benedito Ruy Barbosa.

Comunità - Você é considerado um dos atores mais charmosos da TV brasileira. Como você lida com isso?

Raul - Só da televisão me irrita um pouco. Acho que sou muito mais... (Raul se diverte com a pergunta e ri muito...). Acho que é um elogio muito legal, mas é uma coisa que aconteceu e isso é engraçado, talvez pelo meu jeito de vestir e pelo fato de ser tímido, ser alto e magro... isso me deixa um pouco introvertido. E a vivência, que tenho bastante, e uma grande bagagem, acho que isso faz o charme de uma pessoa.

Comunità - Quais os principais desafios de um ator brasileiro hoje em dia?

Raul - Exercer essa profissão, que é muito difícil. Exercê-la com dignidade e sendo, acima de tudo, um artista. É muito difícil, pois hoje em dia há uma mediocridade muito grande em nosso país. A mídia só valoriza o que há de mais vulgar e este é um grande problema para qualquer artista. Seja nas artes plásticas, seja na literatura, na dança... é muito difícil você ser um artista. É bem diferente disso que há por aí dizendo que é colega da gente, isso é terrível. (risos...).

Comunità - A televisão é um bom caminho para se formar um ator?

Raul - Acho que o teatro é. Porque a formação de um ator exige um conhecimento de si próprio muito grande. Por isso, para formar um ator, não acredito que o caminho seja a televisão. Dentro de uma sociedade de consumo como a nossa todos esses valores, o que os jovens vão pensar hoje em dia? O que é valorizado hoje, não é a bunda que sai na Playboy e o cafetão que sai na capa da Caras?

Comunità - As novas gerações procuram a formação teatral, mas de olho em algum papel na TV. Você acha que a consciência de se fazer teatro deve ser resgatada?

Raul - Acho que é importante você fazer teatro no sentido de que o teatro quer dizer. O teatro modifica; o teatro amplia sua visão de vida; o teatro acrescenta; responde perguntas. É impossível você assistir a uma peça e sair sem ter algo acrescentado à sua vida. Esse tipo de teatro que acho necessário e que é difícil de se encontrar.

Comunità - Há democracia no ingresso de atores na TV e, por que não, no teatro?

Raul - Porque o teatro é mais seletivo. O teatro é só para quem tem talento, pois não há nada que te segure lá no palco depois que abrem-se as cortinas. É um trabalho mais profundo, que exige mais. A televisão é muito superficial. Basta você ter uma boa imagem e falar textos em branco. Parece que é mais fácil.

Comunità - O que você fazia antes de ser ator?

Raul - Várias coisas. Estudei direito, tive uma agência de publicidade, trabalhei numa firma de importação inglesa, fui funcionário público da Prefeitura municipal de São Paulo, trabalhei no fórum, no Palácio da Justiça. Larguei tudo quando resolvi fazer teatro e comecei a viver de figuração.

Comunità - Você ainda tem a mania de colecionar CD’s?

Raul - Tenho, mas não sou exatamente um colecionador, apenas compro naturalmente. Sempre acho que vou dirigir uma peça que tenha as músicas mais estranhas possíveis, aí é só escolher e levar. Mas não sou colecionador, nem teria tempo para isso. Gostaria de me dedicar à fotografia, por exemplo. Tenho um canil. Gosto muito de cachorro, crio Dobermans.

Comunità - Suas filhas também querem seguir sua carreira?

Raul - Tenho duas filhas. A Lígia já está casada e me deu duas netas. Essa faz teatro, é uma ótima atriz e diretora, escreve para teatro, tem duas escolas de teatro. Uma é a Casa do Teatro, onde ela desenvolve a personalidade de crianças e o outro, que é o melhor curso de teatro existente em São Paulo, é o Teatro Escola Célia Helena, que ela herdou da mãe. Como a Célia morreu, ela ficou tomando conta. É uma mulher de uma atividade incrível. Tenho muito orgulho dela. Ela ganhou o prêmio Mambembe, lá em São Paulo, numa atuação. Já é uma mulher do teatro. E a Maria, que é mais jovem, tem horror ao teatro; tem horror ao sair comigo por causa dos fãs, dos refletores, das câmeras fotográficas. Ela não quer nem saber e isso é muito engraçado. Ela é extremamente bonita e está estudando psicologia. (risos...).