O Barraco
(Helena Parente Cunha)

A casa erguida na encosta, os flancos nus,
barraco à beira do barranco.
O tempo era um pedaço de chuva.
Depois, foram os bocados de água, até fazer uma chuva inteira.
O barraco era a casa.
E a mulher nele/nela estava...

TRADUÇÃO:

La Baracca
(Brunello De Cusatis)

La casa situata sulla china, i fianchi nudi,
baracca sull’orlo del burrone.
Dal cielo cadeva qualche goccia di pioggia.
A seguire, furono frammenti d’acqua,
per trasformarsi presto in pioggia copiosa.
La baracca era la casa.
E in esse, baracca e casa, la donna abitava...

Comentário de Annita Gullo

O barraco/ La baracca é um dos contos do livro Racconti – antologia bilingue – de Helena Parente Cunha, com apresentação, seleção de textos e tradução de Brunello De Cusatis, professor de literatura portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade de Perugia. O livro publicado em Roma, por Antonio Pellicani Editore, em 1998, é o terceiro da Collana Brasiliana dirigida por De Cusatis.
Traduzir os textos da escritora Helena Parente Cunha requer do tradutor uma sensibilidade própria de um poeta, pois seus textos, embora em forma de prosa, são verdadeiras poesias.
Verificamos, na tradução do fragmento escolhido, a dificuldade do tradutor na busca da palavra que contenha a mesma força poética do texto original, para preservar o ritmo e o nível semântico desejados pela escritora. Como exemplo, temos a repetição (aliteração) do fonema ‘b’ nas palavras barraco, beira, barranco que, em italiano, transformam-se em baracca, orlo, burrone, quebrando, assim, o ritmo original.
Um outro aspecto que podemos apontar é quanto à concisão de certas expressões da língua portuguesa como, por exemplo, “um pedaço de chuva”, “bocados de água” e “uma chuva inteira”. Não encontrando o correspondente na língua italiana, como recurso, o tradutor se vê obrigado a alongar as frases para tentar preservar o texto original.
Como vemos, traduzir não é nada fácil, principalmente quando se trata de uma poesia.

 


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