Domenica a Certaldo

Marina Colasanti

Domenica a Certaldo
Boccacio dorme sotto al vetro
delle teche. E noi seduti nella casa
del vicario godiamo la valle
iscritta negli archi di pietra.
C’e un uomo che va
con un carne.
Tu guardi e mi dici, che bello
andare pei campi.
Sicuro non vedi il fucile
che há um guizzo di sole.
Poi dopo edremo lo sparo
vedremo correre il carne
e tu penserai, senza dirlo,
che ancora in Toscana
é viva la peste.

Domingo em Certaldo

Affonso Romano de Sant'Anna

Domingo em Certaldo
Boccaccio dorme sob o vidro
da vitrinas. E nós sentados
na casa do vigário fruimos o vale
inscrito nos arcos da pedra.
Um homem lá longe
se vai com seu cão.
Você olha e diz que é bonito
andar pelos campos.
Na certa não viu aquele brilho
que o sol arrancou do fuzil.
Depois ouviremos o tiro
veremos o cão correr.
E então, sem dizer, você pensa
que aqui na Toscana
a peste ainda está viva.

Tradução e comentário de Affonso Romano de Sant'Anna

Um poema pequeno como esse apresenta, ainda assim problemas de tradução. Um deles é meramente vocabular. Não existe, em português, um equivalente pleno para “teche”. Usa-se “vitrine”. A palavra “teca” é limpa, curta, objetiva, e introduz de imediato o conceito de museu, de coisa preservada. A palavra “vitrine” é mais genérica, é mais longa, e transmite a idéia oposta, ou seja, de exibição, exposição plural, como nas vitrines das lojas. O tradutor, sem alternativa, sente perder-se um pouco da precisão do original.
O segundo problema é o do tratamento. O tu italiano é monossilábico, e íntimo. O tu em português, ao qual somos tentados a fazer recurso, não é tão coloquial, é usado regionalmente, e tiraria a característica essencial desse poema, que é momento de paz e intimidade de um casal, atravessado subitamente por um raio de morte. Se perdermos a intimidade absoluta que o original constrói, o vislumbre da morte perde parte da sua intensidade dramática. Foi preciso, então, recorrer ao “você”, igualemnte íntimo, porém mais longo, e de sonoridade de difícil acoplamento. E isso exigiu uma reestruturação na divisão de versos, permitindo uma leitura que “engolisse” uma sílaba e mativesse o ritmo do poema.

 


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