La civiltà dell'ozio
Mentre
un numero sempre più esiguo di forzati della fatica, soprattutto
manager, si chiude in difesa delle proprie dieci ore di lavoro al
giorno, e se le tiene strette, senza cederne ai disoccupati neppure
una briciola; mentre questi forzati della fatica coltivano con tenace
sollecitudine il mito del lavoratore indefesso, tutto ufficio e azienda,
sul cui vessillo è scritto a caratteri d'oro il motto "lavoro
guadagno, pago pretendo"; mentre questi forzati della fatica
puntano tutto sulla competitività, sulla lotta per il potere,
sull'incremento di valore della propria azienda, cioè sull'arricchimento
dei loro padroni; una massa crescente di bene informati ha preso coscienza
che la repubblica italiana, come quella brasiliana o come quella americana
e persino quella giapponese, sono fondate sul tempo libero, sullo
svago, sull'ozio, sulla valorizzazione del proprio week end e delle
vacanze proprie molto più che sulla pianificazione delle vendite
e degli investimenti altrui.
Siamo alle soglie di una società oziosa, il cui solo pensiero
manda in bestia i forzati della fatica, i masochisti del dovere operoso,
nevroticamente dediti alle loro riunioni di lavoro, alle loro trasferte
di lavoro, alle loro colazioni di lavoro, con cui vicendevolmente
si masturbano fino all'apice dell'orgasmo che viene finalmente raggiunto
quando, tutti in coro, arrivano ad ansimare il refrain "mercato
& profitto".
Settemila anni fa iniziò l'epopea della società che
chiamiamo "rurale" perché la ricchezza maggiore era
ricavata dalla produzione di grano, orzo e broccoli. Due secoli fa
iniziò l'epopea della società che chiamiamo "industriale"
perché la ricchezza maggiore era ricavata dalla produzione
in serie di acciaio, automobili e frullatori; mezzo secolo fa iniziò
la società che chiamiamo postindustriale perché la ricchezza
maggiore era ricavata dalla produzione di servizi e di informazioni.
Ma, oggi, che cosa fa girare l'economia? quale settore tiene il primato
nella determinazione della ricchezza nazionale? quale ramo assicura
agli azionisti il giro d'affari più redditizio? Forse l'industria
siderurgica? o quella bellica? o quella automobilistica? o quella
elettronica? o i servizi finanziari? Nossignori: ormai il banco è
tenuto dall'industria del cosiddetto "entertainment": lo
svago, l'intrattenimento, il tempo libero, l'ozio!
Il motivo è semplice: nelle prospettive di un giovane ventenne,
ci sono almeno altri 60 anni di vita, pari a 525.000 ore. Ben che
vada, questo giovane lavorerà per 80.000 ore. Tutto il resto
del suo tempo, almeno i sei settimi, lo trascorrerà dormendo,
facendo la doccia o l'amore, mangiando, divertendosi e oziando.
Se ormai la maggior parte della nostra vita, a dispetto dei forzati
del lavoro, è fatta di tempo libero, occorre prepararsi all'ozio
molto più che alle attività professionali. La scelta
di un materasso comodo è più importante della scelta
di una scrivania funzionale; la scelta di un amico con cui andare
in vacanza è più importante della scelta di un collega
con cui lavorare in ufficio; la preferenza per una facoltà
universitaria che prepara alla vita è più intelligente
della scelta di una facoltà che prepara alla professione. Ciò
che conta non è lo stress della carriera ma la serenità
della saggezza.
La civiltà di riferimento non è più la Seattle
di Bill Gates, dove la corsa al successo produce una società
squilibrata e infelice, ma l'Atene di Pericle, dove l'ozio creativo
consentiva equilibrio e bellezza. Sotto questo aspetto, la Bahia di
Caetano Veloso può insegnare assai più del Veneto di
Benetton.
Per Platone, le materie da impartire ai ragazzi erano soprattutto
la ginnastica che armonizzava il corpo e la musica che raffinava lo
spirito; Aristotele ci aggiungeva la grammatica e il disegno e, nel
suo trattato sulla Politica, raccomandava: "La guerra deve essere
in vista della pace, l'attività in vista dell'ozio, le cose
necessarie e utili in vista di quelle belle
E' vero che bisogna
svolgere un'attività e combattere, ma molto più occorre
starsene in pace e in ozio, e così fare le cose necessarie
e utili, ma molto più quelle belle".
La civiltà dell'ozio non richiede soldi ma libertà.
Questa sera, io che non sono ricco, posso andare a cena con chi voglio;
Berlusconi o Soros, che sono miliardari, certamente sono costretti
dai loro impegni di lavoro a cenare con cinici affaristi o con politici
noiosi.
La civiltà dell'ozio fa stare meglio persino quelli che lavorano:
perché è preferibile lavorare tra persone che riposano
o che si divertono (come avviene per i bagnini e per le modelle) che
non tra i morti o tra la gente che lavora a sua volta (come avviene
per i becchini e per i bancari).
Il lavoro è una professione; l'ozio è un'arte. Perciò
i forzati del lavoro, quelli che hanno smesso di riflettere, di amare
e giocare per dedicarsi totalmente alla carriera, sottilmente invidiano
e tenacemente combattono i "maestri di vita" che sanno oziare.
Non resta, dunque, contro questi malati di lavorite, che un corale
sberleffo come quello mitico del felliniano vitellone Alberto Sordi.
Oziosi di tutto il mondo, unitevi!
Tradução
A civilização
do ócio
A Bahia de Caetano Veloso pode ensinar
mais do que o Vêneto de Luciano Benetton
Enquanto um número sempre mais escasso de "forçados
da fadiga", sobretudo managers, se fecha em defesa das próprias
10hs de trabalho ao dia, e as agarram firme, sem ceder aos desocupados
nem mesmo um casquinha; enquanto estes forçados da fadiga cultivam
com tenaz solicitude o mito do trabalhador obstinado, que carrega
a bandeira escrita em letras de ouro a palavra de ordem "trabalho/ganho,
pago/pretendo"; enquanto estes forçados da fadiga baseiam-se
totalmente na competitividade, luta pelo poder, aumento de valor da
empresa, isto é, sobre o enriquecimento dos seus patrões;
uma multidão crescente de bem informados tomou consciência
de que a república italiana - como a brasileira ou como a americana
ou até mesmo como a japonesa - são fundadas sobre tempo
livre, sobre diversão, sobre ócio, sobre a valorização
do próprio weekend e das férias próprias muito
mais que sobre a planificação das vendas e dos investimentos
alheios.
Estamos no limiar de uma sociedade ociosa, na qual irritam-se, só
de imaginá-la, os forçados da fadiga, os masoquistas
do dever esforçado, neuroticamente dedicados às suas
reuniões, às suas viagens, às suas refeições
de trabalho, com as quais reciprocamente se masturbam até o
ápice do orgasmo que finalmente é alcançado quando,
todos em coro, chegam a ofegar o refrão "mercado &
proveito". Há sete mil anos iniciou-se a epopéia
da sociedade "rural", porque a riqueza maior era extraída
da produção de grãos, cevada e brócolos.
Dois séculos atrás iniciou-se a epopéia da sociedade
"industrial", porque a riqueza maior era extraída
da produção em série de aço, automóveis
e batedeiras. Meio século atrás iniciou-se a epopéia
da sociedade "pós-industrial", porque a riqueza maior
era extraída da produção de serviços e
de informação.
Mas, hoje, o que faz girar a economia? Qual setor tem o recorde na
determinação da riqueza nacional? Qual ramo assegura
aos acionistas o giro de negócios mais rentável? Talvez
a indústria siderúrgica? Ou a bélica? Ou a automobilística?
Ou a eletrônica? Ou os serviços financeiros? Nada disso.
Agora é a vez da indústria do "entertainment":
a diversão, o entretenimento, o tempo livre, o ócio!
O motivo é simples: nas perspectivas de um jovem de 20 anos,
há pelo menos mais 60 anos de vida, equivalente a 525 mil horas.
Se tudo correr bem, este jovem irá trabalhar 80 mil horas.
Todo o tempo restante, ao menos 6/7, transcorrerá dormindo,
tomando banho ou fazendo amor, comendo, divertindo-se e "ociando".
Se então a maior parte da nossa vida, a despeito dos forçados
do trabalho, é feita de tempo livre, devemos nos preparar para
o ócio muito mais que para as atividades profissionais. A escolha
de um colchão cômodo é mais importante que a escolha
de uma escrivaninha funcional; a escolha de um amigo com quem andar
em férias é mais importante que a escolha de um colega
de trabalho; a preferência por uma faculdade universitária
que prepara para a vida é mais inteligente que a escolha de
uma faculdade que prepara para a profissão. O que conta não
é o stress da carreira, mas a serenidade da sabedoria.
A referência de civilização não é
mais a da Seattle do Bill Gates, onde a corrida pelo sucesso produz
uma sociedade desequilibrada e infeliz, mas a Atenas de Péricles,
onde o ócio criativo consentia equilíbrio e beleza.
Sob este aspecto, a Bahia de Caetano Veloso pode ensinar muito mais
que o Vêneto de Luciano Benetton.
Para Platão, as matérias para ensinar os jovens eram,
sobretudo a ginástica, que harmonizava o corpo, e a música,
que refinava o espírito; Aristóteles juntava a gramática
e o desenho e, no seu tratado sobre política, recomendava:
"A guerra deve ser em vista da paz, a atividade em vista do ócio,
as coisas necessárias e úteis em vista daquelas belas...
É verdade que necessita desenvolver uma atividade e combater,
mais muito mais ocorre ficar em paz e em ócio, e assim fazer
as coisas necessárias e úteis, mas muito mais aquelas
belas."
A civilização do ócio não requer dinheiro,
mas liberdade. Esta noite, eu que não sou rico posso jantar
com quem eu quiser; Berlusconi ou Soros, que são bilionários,
certamente estão constrangidos, pelos seus empenhos de trabalho,
em jantar com cínicos negociantes ou com políticos chatos.
A civilização do ócio faz ficarem melhor, por
fim, aqueles que trabalham: porque é preferível trabalhar
entre pessoas que descansam ou que se divertem (como acontece para
os salva-vidas e para os modelos) do que entre os mortos ou entre
a gente que trabalha a sua volta (como acontece com os coveiros e
com os bancários).
O trabalho é uma profissão; o ócio é uma
arte. Por isso os forçados do trabalho, aqueles que deixaram
de refletir, de amar e brincar para dedicarem-se totalmente à
carreira, sutilmente invejam e duramente combatem os "mestres
da vida", que sabem "ociar".
Não resta, pois, contra estes doentes de "trabalhite",
que uma careta como aquela mítica do feliniano "vitellone"
(bom vivã) Alberto Sordi.
Ociosos de todo o mundo, uni-vos!